terça-feira, outubro 03, 2006

left

tchau. é que escrever agora tá doendo. é só isso. tá doendo e não sei se conseguiria respeitar essa dor. tenho medo de sangrar muito. tenho medo desse barulho que me mata e me ensurdece.
peço pra ele parar. só que ele não pára. o barulho é incessante. é doente.
mas eu sei que escutá-lo se faz importante. é que escrever agora tá doendo tanto...

ela pergunta: o que foi que levou nossos textos a isso? não saberia responder. encho mais uma xícara de café e atravesso a sala.

e o que foi, que força ou ímpeto ou destino ou coisa alguma teria conduzido nossos textos para essa direção; para esses lugares onde chegaram,

foi aí que eu vi que o barulho não vinha de dentro. vinha de fora. ele foi diminuindo de intensidade (sem, no entanto, cessar). abri a janela e esperei para que ele passasse . não passou. estava baixinho, baixinho, mas não cessou. nem por um pequeno intervalo.

ou chegariam ainda? o que leva nossos textos para cá?

penso que esse barulho possa ser de uma cigarra que clama desesperadamente por companhia. poderia até achar que era realmente isso, mas o barulho é estranho demais. mecânico demais.


esse barulho corta o claro do meu dia. o som que atravessa meu texto. insone.


tenho medo de prosseguir com esses textos. tantas formas. medo de continuar sangrando. não sei se conseguiria respeitar esse corte.